Última noite do I Festival dos Povos do Cerrado celebra Cultura e desenvolvimento em Niquelândia

Festival encerra com shows, debates , capacitações e fortalecimento das comunidades tradicionais em Niquelândia

Aconteceu neste sábado (10) a terceira e última noite do I Festival dos Povos do Cerrado, en Niquelândia, a 305km de Goiânia. O festival marca o lançamento da Cooperativa Agroecológica dos Produtores Familiares (Coopeag) no mercado de eventos, e conta com o apoio da Anglo American e mais de 40 organizações parceiras.

Durante os três dias de evento foram ofertadas palestras, oficinas, capacitações e credenciamentos voltados para a agricultura familiar e escolas. A ação representa um ganho social indiscutível para a comunidade, especialmente para os produtores familiares, uma vez que facilitou o acesso das a serviços e políticas públicas que muitas vezes as comunidades mais recônditas, como quilombos e assentamentos, não tem a oportunidade de alcançar.

Capacitação para o desenvolvimento de comunidades tradicionais 

Diversas iniciativas foram promovidas com o objetivo de fortalecer o desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais. Entre elas, a Oficina Participativa de Boas Práticas de Manejo Sustentável, organizada pela SEMAD/GO, trouxe orientações essenciais sobre o extrativismo responsável no Cerrado. Além disso, os participantes tiveram a oportunidade de emitir a Carteirinha Extrativista de Goiás, um passo importante para o reconhecimento e valorização dos trabalhadores do setor.

A captação de recursos para projetos sustentáveis também esteve em pauta durante o evento. A Nature Invest apresentou estratégias acessíveis para garantir financiamento a iniciativas voltadas ao desenvolvimento comunitário. A troca de experiências e conhecimentos proporcionada pelo festival permitiu que produtores e líderes locais encontrassem novas oportunidades para viabilizar seus projetos de forma eficiente.

Um dos destaques científicos do festival foi a apresentação do estudo conduzido pelo Professor Dr. Ernanni Damião Vieira, da UFG, que revelou que o mel produzido em Niquelândia possui a maior concentração de antioxidantes entre os méis analisados de diversos biomas brasileiros. Essa descoberta reforça o potencial da apicultura regional e a importância da valorização dos produtos naturais do Cerrado.

Além disso, o evento abordou temas como gestão socioambiental, com a apresentação do projeto Bosque Modelo, do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG), e a organização cooperativa, destacada pelo Sistema OCB-GO, que enfatizou a importância do cooperativismo para o fortalecimento da economia local.

Durante sua participação no evento, o engenheiro florestal João Paulo Sarmento, do IEF/MG, destacou que essa abordagem promove a governança participativa, reunindo todos os atores do território para debater e encontrar soluções coletivas. Segundo ele, “é uma proposta muito interessante a gente trazer pra mesa todos os atores que estão dentro do território para conversar e buscar, de forma agregada, o que é melhor para todas as comunidades, priorizando a melhoria da qualidade de vida da população.”

Paralelamente, a Caixa Econômica Federal abordou o atendimento aos agricultores familiares, destacando os benefícios e linhas de crédito disponíveis para fortalecer a produção rural. Já a EMATER realizou credenciamentos no Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF), ferramenta essencial para assegurar o acesso dos produtores a políticas públicas e incentivos específicos.

O I Festival dos Povos do Cerrado se consolidou como um espaço de aprendizado, troca de conhecimentos e fortalecimento das comunidades tradicionais, reforçando a importância de iniciativas que impulsionam o desenvolvimento sustentável da região.

Cultura em foco

O festival celebrou a riqueza cultural da região, priorizando artistas locais e impulsionando as tradições musicais e artísticas das comunidades. Com entrada franca todos os dias, o evento garantiu que todos pudessem prestigiar as apresentações e vivenciar a diversidade cultural do Cerrado.

Entre os destaques musicais da última noite de apresentações, o festival contou com shows de Marcos Pontes e Tiaguinho Sanfoneiro, além de outros talentos da região, como Miguelzinho dos Teclados e Adriana, Duda Faustino, Renato Caio e Banda, Threy Xavante e o tradicional Batuque de Santa Efigênia. Essas apresentações trouxeram ritmos variados, desde o forró e sertanejo até manifestações culturais indígenas e quilombolas, reforçando o compromisso do evento com a valorização das expressões artísticas locais.

Além dos shows, o House Cast, podcast local, realizou transmissões ao vivo todas as noites, entrevistando autoridades, artistas e produtores familiares. Com isso, o público pôde acompanhar, em tempo real, discussões sobre temas debatidos no evento, obtendo informações relevantes sobre a programação e as iniciativas promovidas durante o I Festival dos Povos do Cerrado.

A programação cultural do festival também incluiu a exibição do filme “Chica Machado – Rainha de Goiás”, dirigido por Renata Rosa, viabilizado por meio da Lei Paulo Gustavo. Em Niquelândia, o filme contou com o apoio da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e da diretora da unidade, Dra. Cassia Monalisa, reforçando o papel da instituição na valorização da história e das figuras marcantes da cultura goiana.

Manoel Júnior, presidente da Coopeag afirmou que já estuda a continuidade do festival, por meio de leis de fomento à cultura e ao turismo de eventos e que a segunda edição deve acontecer no primeiro semestre de 2026. O I Festival dos Povos do Cerrado se despede, deixando um legado de valorização dos povos tradicionais e se posiciona como a vitrine da cultura de Niquelândia, no ano em que uma das cidades mais antigas de Goiás completa seus 290 anos.

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