Projeto Cerradão dá início ao Plano de Restauração de Áreas Degradadas, em Niquelândia

O Projeto Cerradão foi oficialmente lançado no dia 29 de novembro, em Niquelândia, durante um treinamento prático de restauração ambiental que reuniu cerca de 50 participantes entre agricultores familiares, representantes de organizações sociais, instituições privadas, ativistas ambientais, professores e imprensa. O encontro ocorreu no Sítio Bagagem, onde os presentes puderam vivenciar na prática técnicas de recuperação de áreas degradadas, com foco no plantio de mudas nativas do Cerrado.

A atividade principal do dia foi o plantio de espécies frutíferas típicas do bioma nas margens do Rio Bagagem, substituindo plantas exóticas como a cana-brava, anteriormente presente no local. A ação contribui para o combate à erosão e ao assoreamento, além de restaurar a mata ciliar e fornecer alimento para a fauna local.

As palestras do evento foram ministradas pelo secretário municipal de Meio Ambiente de Niquelândia, Rogério Augusto Pacheco, e pela professora Rhyllary Coelho. O grupo também percorreu a propriedade, visitando o viveiro de mudas, o galinheiro, a agrofloresta em formação e o recinto de soltura de animais silvestres mantido em parceria com o CETAS/IBAMA.

Agricultores apoiam a iniciativa e relatam expectativas

Entre os participantes estavam agricultores familiares que serão beneficiados diretamente pela implantação do projeto. Jean Carlos Matos, assentado no PA Acaba Vida, destacou a urgência da recuperação ambiental e a responsabilidade dos pequenos produtores nesse processo.

Segundo ele, o Cerradão oferece ferramentas e conhecimento para restaurar áreas degradadas, recuperar nascentes e diversificar a produção.

“A agricultura familiar faz parte da solução para o desequilíbrio climático. Se cada produtor preservar suas nascentes e adotar sistemas sustentáveis, teremos água, solo fértil e sombra para as próximas gerações”, afirmou.

Leila e Jean, do pré-assentamento Acaba Vida

Jean também chamou atenção para o avanço do desmatamento no estado e para a necessidade de conscientização contínua entre os agricultores.

No Assentamento José Martí, o produtor Cláudio Rodrigues Souza também integrará a iniciativa, implantando dois hectares de área recuperada. Ele ressalta que o momento exige ações práticas contra os efeitos das mudanças climáticas. “O clima está descontrolado por ação do homem, mas é o próprio homem que pode ajudar a recuperá-lo. Essas árvores que vamos plantar são um passo importante”, observou.

Para Wilton Pereira da Silva, do PA Acaba Vida – Muquém, a parceria representa uma oportunidade de garantir o sustento da família por meio do sistema agroflorestal. “Estamos iniciando esse trabalho para construir uma renda e, ao mesmo tempo, recuperar a terra. A proposta é que a agrofloresta traga vida de volta ao solo”, disse.

A presidente da Associação dos Agricultores Cafeicultores do Acaba Vida, Leila Martins da Silva Matos, reforçou a importância da iniciativa para reviver a tradição agrícola da região, antes rica em café e banana. “O solo está cansado, e a agrofloresta é o caminho ideal para restaurar essas áreas. Sem água não há vida, e recuperar nascentes é essencial para que a agricultura familiar continue existindo”, explicou.

Palestras e orientações técnicas

Durante o treinamento, o secretário Rogério Augusto Pacheco apresentou os aspectos legais e técnicos dos PRADs (Planos de Recuperação de Áreas Degradadas), além de orientações sobre monitoramento e boas práticas ambientais. Ele destacou que o município possui grande diversidade territorial, com áreas impactadas por mineração, garimpo e desmatamento, e que a atuação conjunta é fundamental.

“Quando a população busca recuperar suas áreas, nós, enquanto servidores públicos, temos o dever de apoiar. A Secretaria de Meio Ambiente está de portas abertas para orientar tecnicamente qualquer produtor que deseje restaurar seu território”, afirmou.

Sobre o Projeto Cerradão

O Projeto Cerradão tem como foco a restauração ecológica, o fortalecimento da agricultura familiar, a diversificação produtiva e a valorização das espécies nativas do Cerrado. Através de capacitações, doação de mudas, preparo de solo, assistência técnica e ações de campo, a iniciativa busca reverter processos de degradação, recuperar nascentes e criar sistemas produtivos sustentáveis.

fotos: Khryst Serpa

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