A região do Mosquito, em Niquelândia, acaba de ganhar um reforço importante na luta pela preservação do Cerrado: o viveiro da família Dias, reformado com apoio do Instituto Rupestris e Anglo American, agora possui capacidade para produzir até 20 mil mudas nativas e conta com acessibilidade plena, permitindo que pessoas com deficiência, como Clenya Dias, possam atuar diretamente na produção.
O espaço, localizado em uma das primeiras propriedades da entrada da comunidade conhecida como Placa do Mosquito, é gerido pelas irmãs Iraci, Clenya e Zeferina Dias, cooperadas da Coopeag (Cooperativa Agroecológica dos Produtores Familiares de Niquelândia). A parceria com a cooperativa começou há cerca de três anos, quando Clenya, que usa cadeira de rodas, procurou a equipe da Coopeag para comercializar os panificados da família, como os tradicionais pães de Cristo, bolos e bolachinhas de maracujá, na sede da cooperativa, no Instituto Educacional Tiradentes.
Com o fortalecimento da parceria, a família passou a integrar projetos ambientais e sociais, como o fornecimento de mudas para ações de restauração ecológica para a Anglo American, viabilizadas pelo Instituto Rupestris. A produção começou de forma simples, mas ganhou novo fôlego com a doação e reforma do viveiro, que agora conta com rampa cimentada, garantindo mobilidade segura para Clenya, mesmo em períodos de chuva.
O viveiro será um dos pilares do Projeto Cerradão – Conservação e Restauração, que tem como fundo parceiro o Funbio e apoio financeiro da Petrobras e do BNDES, com o objetivo de restaurar 200 hectares de áreas degradadas em Niquelândia. “O Cerrado, considerado o berço das águas, abriga diversas bacias hidrográficas e possui árvores com raízes profundas que ajudam a manter a umidade do solo e alimentar os rios que abastecem o país”, diz Rhyllary Coelho, coordenadora do Projeto Cerradão.
Em alusão ao Dia do Cerrado, celebrado neste dia 11 de setembro, a iniciativa reforça a importância da recuperação ambiental como ferramenta de desenvolvimento sustentável. Produtores rurais interessados em restaurar suas propriedades podem buscar apoio junto à Coopeag e ao Projeto Cerradão, que oferecem orientação técnica e estrutura para adesão às ações de restauração e conservação do bioma.
Segundo Rhyllary, a procura por mudas nativas tem sido alta entre produtores rurais interessados em recuperar suas terras. No entanto, ela alerta que para participar do projeto é necessário que o imóvel esteja regularizado, sem passivos ambientais, e que o proprietário possua o Cadastro Ambiental Rural (CAR), disponível no site do Sicar. Ao todo, o projeto visa atender 200 hectares de áreas degradadas, sendo 50 hectares especificamente voltados para o sistema agroflorestal.
Somado à produção de mudas, a Coopeag também tem promovido capacitações em educação ambiental, como oficinas de Identificação e Coleta de Sementes do Cerrado, Quebra de Dormência e Plantio de Mudas Nativas, fortalecendo o conhecimento técnico e o protagonismo das comunidades locais.
Iniciativas como as promovidas pela cooperativa demonstram que é possível encontrar equilíbrio entre o desenvolvimento da economia local de modo sustentável e durável, e a conservação do Cerrado, posicionando-o como o protagonista das cadeias produtivas e garantindo qualidade de vida para as gerações futuras.

