Com 290 anos, a cidade histórica do Norte Goiano mantém vivas tradições originadas no Brasil Colonial, como a Congada de Santa Efigênia e a Romaria de Muquém
O Calendário Cultural de Niquelândia revela a riqueza das tradições que fizeram e fazem parte da formação histórica, social e econômica da cidade, com forte influência regional sobre os demais municípios do Norte e Entorno.
Confira a agenda completa, com os principais eventos que vão movimentar o turismo religioso, histórico e ecológico na cidade nos próximos meses:
Maio – Festival dos Povos do Cerrado
Com apoio da Anglo American, Niquelândia recebe o I Festival dos Povos do Cerrado, evento que valoriza a cultura e a gastronomia das comunidades tradicionais, fortalecendo a agricultura familiar e promovendo a sustentabilidade. Entre os dias 8 e 10 de maio, a programação inclui apresentações culturais de, oficinas de formação e exposição de produtos regionais, incentivando a economia local e o engajamento comunitário.
O festival reúne diversas instituições e associações, criando um espaço de troca de conhecimentos e preservação ambiental. Além de promover a identidade dos povos do Cerrado, a iniciativa reforça a importância da conexão entre tradição e desenvolvimento sustentável, consolidando Niquelândia como referência na valorização cultural e social da região.

Maio a Junho – Folia do Divino
Logo após o encerramento do Festival dos Povos do Cerrado, a Folia do Divino Espírito Santo leva renovação aos lares dos fiéis, na cidade e no campo. A viola caipira inspira os foliões, que anunciam a Bandeira do Divino, marcando os 50 dias após a Páscoa. Conforme a tradição católica, essa peregrinação resgata a passagem bíblica em que o Espírito Santo desce sobre os apóstolos e Maria. O momento é visto como um símbolo do cumprimento das promessas de Cristo.
Ilça Ribeiro da Senção é uma das anfitriãs da Folia do Divino do Santuário de Muquém. Ela recorda com emoção a tradição que começou com seu pais e que ela faz questão de manter viva com a família. “É uma empolgação! Estamos nos preparando para receber o pouso de folia dia, e até a cerca queremos pintar, para fazer sentido com a festa”, descontrai.
No ano anterior, D. Ilça conta que recebeu cerca de 600 pessoas na Fazenda Na Miúda para o pouso. “Tenho para mim que todo pecado tem perdão, exceto contra o Divino Espírito Santo. `Se ele bate em minha porta, pedindo um pouso, eu não sei dizer “não”. A gente tem o maior prazer em receber quem vier!”.
Julho – Congadas de Santa Efigênia e N.Sa. do Carmo
As Congadas de Niquelândia são, talvez, a mais antiga manifestação cultural e religiosa da cidade. Surgiu no município ainda no século XVIII, durante a exploração do ouro em Goiás, promovendo o sincretismo característico do catolicismo popular brasileiro, e preservando elementos de origem africana e indígena em suas cores, músicas e dança.
O Cortejo de Santa Efigênia percorre as ruas da cidade no dia 25 de julho, enquanto dia 26 é reservado para Nossa Senhora do Carmo, mas a preparação tem início no mês anterior. A Capina do Largo da Igreja de Santa Efigênia, em 24 de maio, marca o início das atividades, que acontecem durante as próximas semanas, como o Levantamento do Mastro e os ensaios do Cortejo.
“Para mim é um privilégio resgatar a tradição dos meus antepassados”, diz Luzinete Pedroso, congadeira há mais de 30 anos, sendo uma das primeiras mulheres a participar da dança, que anteriormente era reservada apenas para os homens. Durante os dias de festa, imperador e imperatriz abrem as portas de suas casas e recebem toda a comunidade para o almoço.

Agosto – Romaria de N.Sa. d’Abadia de Muquém
Tida como a peregrinação mais antiga de Goiás, a Romaria de Muquém reúne fiéis do país inteiro em uma caminhada de 45 km da Matriz de N.Sa. d’Abadia, em Niquelândia, até o Santuário de Muquém. Entre 5 e 15 de agosto, o pequeno povoado niquelandense se transforma em uma metrópole sob tendas. São quase 500 mil pessoas em busca de uma benção e também de um pouco de lazer.
As missas são intercaladas por longos almoços nos acampamentos familiares, banhos na Cachoeira de São Bento e no Rio Bagagem, e um pouco de forró em uma das diversas tendas erguidas em meio ao Cerrado. A festa também é conhecida por quem procura preços competitivos em vestuário. Feirantes de todo o estado procuram um espaço para expor seus produtos no comércio local.


Setembro – Festival Josephina’s: Comida de Tradição
O festival, que saiu—literalmente—de um livro, é a nova aposta para fortalecer o turismo local. O evento não apenas prestigia os novos talentos da gastronomia regional, mas também exalta e preserva receitas tradicionais, como o quebrador de flor e o biscoito fervido, ambas passadas de geração em geração.
Apesar de recente—surgiu em 2019—o Josephina’s já começa a se destacar como uma opção atrativa para o feriado de Independência. Restaurantes locais aproveitam a ocasião para testar novos sabores, avaliando sua aceitação antes de incorporá-los ao cardápio. Anualmente, o público tem a oportunidade de degustar, em primeira mão, pratos criativos que valorizam ingredientes da região, incluindo a tilápia e o tucunaré, peixes cultivados no Lago da Serra da Mesa.
Novembro – Festa da Mangaba
A Festa da Mangaba, realizada no Santuário de Nossa Senhora da Abadia de Muquém, fortalece a preservação do Cerrado ao valorizar a mangaba, uma das frutíferas nativas mais importantes para a economia e cultura local. Além da devoção religiosa, o evento celebra essa riqueza natural por meio da comercialização de diversos produtos derivados da fruta, incentivando a agricultura familiar e a conscientização ambiental.
A programação inclui apresentações musicais que animam os festeiros com forró e modas tradicionais, reforçando os laços culturais da região. Após o almoço típico goiano, os participantes seguem para a Cachoeira de São Bento, um refúgio natural que simboliza a conexão entre a festividade e o Cerrado, reforçando o compromisso com sua preservação e sustentabilidade.


Bônus – Serra da Mesa
Além da agenda de eventos de Niquelândia, a 256 km de Brasília, o Lago da Serra da Mesa tem potencial para posicionar a cidade como um dos principais destinos turísticos da região durante todo o ano. Segundo a chefe de Governo e secretária de Turismo, Ariana Renovato, só em Niquelândia, o lago recebe cerca de 70 mil turistas em feriados prolongados.
Com pousadas e condomínios, a região oferece atrativos para quem é apaixonado por pesca, mas também para quem não abre mão de um descanso em meio à uma paisagem paradisíaca. O município ocupa aproximadamente 57% da margem do lago, com acesso para importantes rios, como o Maranhão, Tocantins, Traíras e Bagagem. Com quase 2 mil quilômetros de área inundada, não é incomum encontrar ilhas e cachoeiras em meio à imensidão azul espelhada.

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