Missa dos Avós encerra as festividades da Congada de Niquelândia, que completa 290 anos
No Dia dos Avós, 26 de julho, a Irmandade de Santa Efigênia celebrou a Congada de Nossa Senhora do Carmo em homenagem à Sant’Ana e São Joaquim, os avós de Jesus. A Missa dos Avós precedeu a apresentação da dança do Congo, que é a manifestação artístico-cultural e religiosa mais antiga de Niquelândia, aproximadamente 290 anos.
Os congadeiros se apresentaram em frente à Igreja de Santa Efigênia, local que fora construído pelas comunidades negras escravizadas nas minas de ouro da região, durante os séculos XVIII e XIX, período em que homens e mulheres negros não eram aceitos nas igrejas “brancas”. O templo, tombado patrimônio histórico de Goiás, abriga a imagem de Santa Efigênia – uma das poucas santidades negras do catolicismo, e que é considerada a protetora da Irmandade.
As Congadas de Santa Efigênia e Nossa Senhora do Carmo acontecem anualmente, em Niquelândia, tendo seu apogeu entre 25 e 26 de julho, porém, as atividades iniciam-se um mês antes. Em 24 de junho acontece a Capina do Largo e a Missa das Enxadas, onde a comunidade se reúne para capinar as margens da Igreja, embalados pelo som estrondoso do bumbo.
Ao longo do mês, três ensaios preparam os congadeiros para o grande dia. Os ensaios são um momento importante para sincronizar a dança e os instrumentos, ensinas os cantos para os novos membros, mas, principalmente, de preparo físico. Nos dias de Congada, os irmãos iniciam a caminhada por volta das 7h da manhã, buscando todos os festeiros em suas residências e levando-os até o ponto de encontro e posteriormente até à Igreja. O caminho inverso é percorrido logo após o almoço, podendo ultrapassar a meia noite.
Com o roncar da cuíca e o movimento das fitas coloridas, a Congada encerra seu ciclo anual como um verdadeiro testemunho de fé, resistência e ancestralidade. Mais do que uma celebração religiosa, a festa é um gesto profundo de memória coletiva, que conecta as novas gerações aos saberes daqueles que, mesmo sob opressão, mantiveram vivas suas crenças e tradições.
